segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Os V´s, mas não de vingança

Veja como escolher o melhor tipo de casco para cada tipo de uso

Da Náutica 237

Não é preciso ser especialista para saber que a escolha do tipo de casco de uma lancha depende de onde ela será mais usada, se em mar aberto ou águas abrigadas, por exemplo. Mas há muitas sutilezas entre os vários tipos de desenho de fundo. Águas abrigadas, sem ondas, dispensam grandes ângulos no V. Já em mar aberto, cascos com grande V na popa oferecem melhores navegação e estabilidade. A maioria das lanchas (incluindo botes de fundo rígido) tem o fundo do casco em V. Mas qual é o ângulo ideal desse V, que pode variar entre 10 e 25 graus? Esta é uma das dúvidas mais freqüentes. Outro item importante nos cascos são os vincos. Eles têm a função de evitar que a água espirre no convés, além de ajudar na estabilidade. Também
amortecem o impacto das ondas e aumentam o desempenho da lancha, já que diminuem o arrasto. Os vincos, com largura entre quatro e oito centímetros, têm de 0 a 5 graus negativos na proa. Mas — de novo! — qual seria a configuração ideal?

Além de tudo isso, algumas lanchas têm no fundo do casco uma descontinuidade em forma de degraus ou superfície convexa. Essa configuração, muito usada em competições, diminui o caturro do barco e melhora o desempenho. Seu ponto negativo é que o aumento do ar abaixo do casco faz o hélice ventilar com mais facilidade e até dificulta o funcionamento da sonda. Portanto, ao fazer a opção por um ou outro casco, procure um fundo de acordo com o uso prioritário que o barco terá. Para ajudá-lo, veja aqui algumas características de cada caso e casco.

Lancha de proa aberta para passeios curtos
Tem, normalmente, V moderado, entre 17 e 21 graus. Na proa, o V não deve ser tão acentuado. Essas características garantem boa estabilidade lateral e desempenho, sem a necessidade de motores muito potentes. No entanto, não oferecem a mesma capacidade de amortecimento dos cascos com V mais profundo.

Lancha para esquiar
É feita para navegar em águas tranqüilas, por isso o ângulo do V na popa deve ser quase zero. Sua capacidade de cortar ondas limita-se ao V moderado na proa. Assim, o arrasto é menor. Além disso, pequenas “bolinas” debaixo do casco permitem fazer curvas em alta velocidade, sem maiores problemas. Algumas lanchas para esqui não têm vincos no casco, para não comprometer as marolas.

Lancha cabinada com flybrige
A maioria das lanchas de passeio acima de 40 pés faz parte dessa categoria. Como esse tipo de barco é projetado para navegar em águas costeiras e com condição de tempo bom, o V do casco deve ser moderado, raramente ultrapassando os 17 graus. A proa é meio “arredondada”, para aumentar o conforto no interior das cabines.

Lancha para pesca costeira
Para cortar melhor as ondas, as lanchas de console central com motor de popa devem ter no casco duas características: não ser larga em relação ao comprimento do barco e ter V profundo, entre 24 e 25 graus. Essa combinação garante boa navegabilidade até mesmo em mar agitado. Certos modelos também têm vincos acentuados no fundo do casco e convés saliente na proa, para evitar a entrada de água.

Lancha cabinada para pesca oceânica
Por navegar em águas agitadas, deve ter V acentuado na proa. Na popa, o V pode chegar a 20 graus. Geralmente são mais estreitas que as de passeio com flybrigde. Alguns modelos têm o convés bem curvado na proa, para enfrentar ondas grandes. Já os cascos têm apêndices, que contribuem para a navegabilidade, e abas, para evitar respingos d’água, que começam na proa e vão até a popa, terminando em ângulo negativo de até 5 graus.

Lancha esportiva para mar aberto
Como a finalidade destas lanchas é navegar rápido em águas com ondas, o casco tem pouca boca e V profundo na popa, com 24 graus. Além disso, os vincos devem ser grandes e a proa, saliente, para ajudar a amortecer o choque contra as ondas. Algumas lanchas da categoria offshore têm concavidades ou degraus no fundo do casco, para aumentar o desempenho.

Jet ou lancha a hidrojato
Devem ter V moderado na proa e, na popa, uma parte plana junto ao V, que é necessária para a captação de água para o hidrojato. Os cascos dos jets têm vincos bem definidos na proa, para diminuir os respingos nos ocupantes. Algumas lanchas também apresentam esta configuração, mas para diminuir o arrasto. No entanto, são um pouco mais duras no choque contra as ondas do que as lanchas com casco em V até a popa.

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